27/01/07

As matinés

UMA MÚSICA (A PROPÓSITO): THE DARK OF THE MATINÉE - FRANZ FERDINAND

Há muito, muito tempo, existia uma discoteca chamada Central Park. Tinha matinés. Às quartas-feiras e aos sábados abria às 16 horas e fechava às 20 horas. Nessa altura, as matinés estavam na berra – as matinés do Rock Rendez Vous tinham sido famosas até há pouco tempo, e existiam em Lisboa matinés para todos os gostos (cabaret, metrópolis, etc.). Não sei se ainda existe alguma coisa do género.

E havia o Central Park, que era quase nosso. Aquelas eram as nossas matinés! Não tínhamos mais de 17, 18 anos e alguns de nós nem tínhamos idade para lá estar (Gonçalo, lembras-te de um puto Quim?). Não foi um período muito longo, durou talvez um, dois anos….Mas, no fundo, durou tantos anos que ainda hoje o Central Park parece estar aberto.

Antes das matinés, tínhamos rituais. Havia a Feira da Ladra aos sábados, para se ganhar trocos. Depois, a cerveja para uns, as ganzas para outros, as duas coisas para alguns. E o dinheiro, quase à conta, para pagar a entrada.

Depois havia as miúdas, e isso era muito importante. E havia a música: All night long, Peter Murphy; Love like blood, Killing Joke; Mr. Bag, Lloyd Cole and The Commotions; Beyond the wheel, Depeche Mode; Should I stay or should I go, The Clash e os pontapés na atmosfera; Close to me, The Cure; Elevador da Glória, Rádio Macau; Video Maria, GNR; April skies, The Jesus and Mary Chain; Kick in the eye, Bauhaus; Beyond the pale, Mission; e as mais comerciais, na altura: INXS, Fine Young Cannibals, etc.

E havia ainda os nossos discos…lembro-me de levar algumas vezes debaixo do braço o maxi-single de Moonchild, dos Fields of The Nephilim.

Ficaram muitas coisas dessa altura. As bebedeiras. As mocas. As miúdas. Os amigos, acima de tudo. E, acima do acima de tudo, a música.

Mas o médico não nos deixa falar sobre isso.

Este blog, definitivamente, não tem nada a ver com música.

26/01/07

Não te estou a ouvir bem

O Gonçalo diz que isto é sobre música, porque ainda lhe custa a encarar a realidade.

De facto, ambos andamos meio surdos devido ao consumo excessivo de música e o médico aconselhou-nos a escrever mais e a ouvir menos, obrigando-nos, em jeito de terapia, a criar um blog onde tentássemos escrever sobre tudo menos música.

Estamos perante um desafio: para além da originalidade inerente à ideia de criação de um blog (segundo as últimas estatísticas seremos os 5ºs ou 6ºs a fazê-lo em todo o mundo), temos talvez a última oportunidade de nos livrarmos deste vício, terrivelmente prejudicial à nossa saúde e à daqueles que nos rodeiam.

Garantidamente, não iremos escrever sobre música, ou pelo menos, se isso acontecer, nunca admitiremos que o estamos a fazer, até nos sentirmos completamente curados.

Seguramente também não ouviremos mais música a partir de hoje; qualquer recaída relacionada com a análise a um disco, a um concerto, a uma banda que gostemos, resultará sempre de uma perspectiva visual, nunca auditiva.

Isso até pode acontecer (podia, porque de certeza que não acontece), e aí seríamos os primeiros a criticar um álbum não pelo seu conteúdo, mas sim pela aparência: da capa deduziríamos a qualidade da banda, dos títulos dos temas imaginaríamos a música, etc.

Se formos a um concerto não iremos de certeza pela música, mas sim pelo convívio, como a malta que vai aos festivais; se falarmos sobre esses concertos ninguém deverá acreditar em nós, não ouvimos sequer uma nota desse concerto, estivemos sempre na conversa.

Podemos até falar sobre aquilo que já ouvimos antes de ficarmos meio surdos, o que também pode não ser muito credível, porque estamos a envelhecer e já andamos muito esquecidos.

Mas nada disso vai suceder (não vai suceder, não vai, não vai), não nos deixaremos levar por más influências e também não acreditamos em forças malignas.

Portanto, neste blog, se escrevemos alguma coisa sobre música, não fomos nós.

Para começar, o meu sócio escreverá sobre o papel do analista financeiro no estudo de empresas cotadas em bolsa e na emissão de recomendações de compra ou venda sobre os títulos dessas firmas.

O senhor doutor vai sentir-se orgulhoso com os progressos…

Cansei de ser surdo

Hoje o Rui disse-me "Cansei de ser surdo".
Estávamos à procura de um nome para um blog.
As Cansei de Ser Sexy vêm cá em Abril.
Eu e o Rui gostamos de música. Muito...

O Blog é sobre música.

Ficou Cansei de ser Surdo.

Ó Rui!
Vamos ver as Cansei de ser Sexy?