30/03/07

Os meus ouvidos encerram temporariamente para descanso do pessoal

UMA MÚSICA: C'MON, C'MON – THE VON BONDIES

Pego nas bicicletas do post anterior, e vou ver se a minha ainda está na arrecadação…Receio que tenha fugido. Recebi algumas ameaças nos últimos dias. Porque não fiz nada de mal. Permiti que o meu carro fosse assaltado, e agora estou a pagar por isso…Assaltaram-me também a mente. Parece-me que esta semana esteve toda às avessas. Ou então foi a minha cabeça. Que agora está confusa. Hoje não quero ouvir mais música. Já tinha desligado a televisão. Agora desligo a aparelhagem. Desligo o computador. Desligo-me.

The Frames

UM ÁLBUM: NEON GOLDEN - THE NOTWIST (2003)

Está um senhor de óculos escuros e blusão e calças de cabedal a gemer na televisão. Mudo rapidamente de canal. De repente, a maior exportação musical irlandesa desperta-me sentimentos de aversão. A mistura dos três últimos álbuns com a exposição maciça e sistemática dos membros da banda, e dos seus êxitos, acabou por enjoar-me os ouvidos. E estes, mesmo que pouco exigentes, têm dificuldade em tolerar exageros. Gosto de U2? Não sei. Já gostei. Amanhã volto a gostar. Ou talvez não.

Mas os ventos que sopram da Irlanda não trazem apenas U2, embora às vezes pareça que sim.

Por agora, gosto muito de coisas como os The Frames, que também nasceram em Dublin. The cost vai ser, provavelmente, um dos melhores álbuns esquecidos deste ano, apesar de ter sido editado na Irlanda em Setembro de 2006. Para o resto do mundo saiu em Fevereiro de 2007.

A banda existe desde 1990, e o nome provem de um hábito que o vocalista, Glen Hansard, tinha quando era novo: reparar as bicicletas de muitos dos seus amigos. O seu quintal enchia-se de quadros de bicicletas, e a casa onde morava passou a ser conhecida por “The frames house”.

Antes de The cost, editaram os seguintes álbuns:

Another love song (1991) - apenas disponível para download no itunes e para audição no site da banda, que está mesmo aqui ao lado.
Fitzcarraldo (1995) e uma nova versão do mesmo álbum em 1996, ambos publicados sob o “pseudónimo” de The Frames DC, que adoptaram temporariamente, para evitar confusões com uma banda americana que tinha o mesmo nome.
Dance the devil (1999)
For the birds (2001)
Burn the maps (2004)

Lançaram também dois álbuns ao vivo. Fitzcarraldo e The Cost são os que prefiro. Mas o resto vale-me a pena. “Headlong” faz parte de For the birds:



Aqui interpretam ao vivo “keepsake”, de Burn the Maps:



O homem dos óculos escuros aparece noutro canal. Procuro o botão off do comando. Às vezes os sons e as imagens da minha televisão são mais agradáveis quando ela está desligada.

29/03/07

No cars Go

UM CONCERTO? UM QUALQUER, DE CABEÇA CHEIA COM O RUI E COM O JORGE (PUTA DE SAUDADES)

Querido Blog. Voltei!

Ontem recebi uma carta do Banco.
O Empréstimo da puta da casa aumentou cerca de 100€.
O Emprego, continua no mesmo sítio, a mesma merda, o mesmo ordenado.
Os Putos têm saúde. A companheira continua chata. Eu continuo sem pacência.
O País continua na mesma, mas está pior.
O Cão continua feliz quando chego a casa.

FODAM-SE VOCÊS TODOS!!! TOU FARTO!!!

Quero ir para este lugar onde não vão carros....

25/03/07

Austin, 2008

UM CONCERTO: DEVENDRA BANHART, NA AULA MAGNA (12/11/2005)

A cobertura da Radar ao South by Southwest deste ano aguçou-me o apetite. Este festival realiza-se em Março, todos os anos, desde 1987, e põe Austin em festa. Não se trata exclusivamente de um evento de música, mas é de música que aqui se trata. Este ano registaram-se mais de 1400 actuações ao vivo, entre artistas já consagrados, alguns a despontar e vários desconhecidos, muitos deles oriundos de países diferentes. Para os que adquirem bilhetes, é uma oportunidade de assistir de perto a inúmeros concertos.

Não resisto à colagem de alguns momentos da edição deste ano. Quem parece que mais deu nas vistas, por razões óbvias, foi a vocalista dos norte-americanos The Gossip, Beth Ditto. Surpreendeu o público com um strip quase integral. As imagens estão disponíveis no you tube, mas como a qualidade não é grande coisa, fica um excerto de outra actuação dos The Gossip no mesmo festival.



No ano que marca o regresso dos The Stooges, com The weirdness, que já cá canta, Iggy Pop continua igual a si próprio.



E, finalmente, os Architecture in Helsinki com “do the whirlwind”:



E houve muito, muito mais.

Vou ponderar a possibilidade de passar por lá no próximo ano. Estive para voltar ao Texas este ano, mas em princípio a hipótese está posta de parte. Alojamento em Austin é garantido. Regresso ao verão de 1993. Passei uma boa temporada em San Antonio, que deu para quase tudo, até para tirar a carta de condução. O tempo que lá permaneci dava para conhecer o Texas e os arredores e os arredores dos arredores. Infelizmente, não conheci Austin, que por acaso até é a capital do estado.

Tenho motivos para lá voltar. E agora tenho mais um. Vou procurar o meu chapéu de cowboy. Austin aqui vou eu.

22/03/07

O padrinho do meu afilhado é um gajo desnaturado

UMA MÚSICA: YOU'RE SO GREAT - BLUR

Pois é. Acima de tudo, é um padrinho despadrinhado. Mas olha miúdo, daqui a uns dias, quando souberes ler bem, pede ao outro surdo deste blog, que, pelo que consta, também é teu pai, para te mostrar o rol de disparates que por aqui se escrevem. Depois, podes chegar à inevitável conclusão: mas estes gajos só ouvem música esquisita? Ou fingem que ouvem, porque estão meio surdos, os coitados. E é aí que eu te mostro os discos do Bana e Flapi, da Heidi e da Abelha Maia, para tu veres que nem sempre foi assim. Antes da insanidade, existiu uma infância mais ou menos normal. Ou seja, a seguires alguns passos destes senhores, segue apenas os primeiros.

O que não quer dizer que não tenhas bom senso. Opta por um meio termo. Aprende a tocar guitarra como o indíviduo do video. Parabéns Vicente, amigo, o padrinho está contigo.

20/03/07

A vida e um toque de telemóvel

UMA MÚSICA: ONE THOUSAND REASONS - THE SOUND

É estranha, a música que me quer acordar de manhã. É seca, e julga-se infalível. É impessoal e pouco transmissível. É uma música que pensa que é música, a convencida. E não é, não passa de um toque. Se gosto dela? Nem por isso. Só não a destruo porque me dá gozo vencê-la na luta que travamos todos os dias. E sim, ganho quase sempre. Antecipo-me e não a deixo expressar-se. Nos últimos tempos, não raras vezes, antecipo-me com demasiada antecedência. Não é redundância, é o vazio de uma verdade, é o tempo a passar e a chamar-me à atenção. E, como hoje, o tempo concede-me tempo para ir pensando noutras músicas. Aquelas que nunca ouvi, mas gostava de ter ouvido. Não são originais, são versões de temas que nunca ninguém inventou. E só não fui eu a inventá-los porque ainda não sou inventor. E só não fui eu a escrevê-los porque ainda não sou escritor. E, como ainda não sou compositor, também não pude compô-los. E muito menos tocá-los, porque ainda não sou músico. A derrota de um toque de telemóvel podia ser mais do que aquilo que é. Amanhã, ao saborear uma nova vitória, vou pensar nisso.

16/03/07

É sexta, e depois?

UM ÁLBUM: RUSSIAN DOLL - VIOLET INDIANA (2004)

Ó Gonçalo, se alguém perguntar por mim, estou aqui mas fugi.

13/03/07

Low

UM CONCERTO: THE FALL, NO INCRÍVEL ALMADENSE (A 18 DEZEMBRO DE UM ANO QUALQUER, O BILHETE NÃO DIZ O ANO E EU JÁ NÃO ME LEMBRO. TALVEZ 1993. A PRIMEIRA PARTE FOI DOS MORE REPÚBLICA MASÓNICA)

Há pessoas que têm alguns rituais, quando chegam ao emprego: tomam um café, conversam um pouco com os colegas, dão uma vista de olhos pelas notícias, olham pela janela para ver se o tempo não mudou desde que chegaram…Tudo serve como aquecimento para um longo e árduo dia de trabalho. Muitos não passam do aquecimento.

Eu cá também tenho um ritual quando chego. Espero que os meus patrões não leiam este blog (descansem senhores, que não demoro mais do que 15 minutos a aquecer). E assim se fica também a saber que não sou um saudável e próspero empresário. Todos os dias, quando me sento na cadeira, o cursor do rato transporta-me sempre para os mesmos sítios…mesmo que eu hoje não queira. E pronto, por causa do meu rato endiabrado, lá sou obrigado a saber o que se passa no meu mundo da música.

E hoje li uma notícia verdadeiramente importante: os Low actuam no Santiago Alquimista a 2 de Junho.

Ao que parece, passam por cá um ou dois dias depois de actuarem no Primavera Sound, em Barcelona.

A notícia surge precisamente no mesmo mês em que é editado o novo álbum, Drums & Guns.

Dos Low, possuo os álbuns Trust (2002) e The Great Destroyer (2004), este último já o mencionei num post anterior. A atenção que lhes dei é tardia, pois já cá andam desde 1993. Para além dos referidos álbuns, lançaram:

I could live in a hope (1994)
Long Division (1995)
Transmission – Ep (1996)
The curtain hits the cast (1996)
Songs for a dead pilot (1997)
Secret name (1999)
Christmas (1999)
Things we love in the fire (2001)

Vêm de Duluth, no Minesota (E.U.A.). Alan Sparhawk (voz e guitarra) e Mimi Parker (voz e bateria), estão casados. Matt Livingston (voz e baixo) é o outro elemento da banda. São, quanto a mim, um dos grupos mais brilhantes dos últimos anos.

Não ouvi ainda Drums & Guns na totalidade, porque os meus ouvidos andam meio surdos. Mas o que ouvi promete um dos melhores álbuns do ano, se bem que não goste muito do conceito “melhores do ano”. O desenvolvimento deste não gosto fica para um dia destes. Entretanto, aqui ficam dois exemplos que explicam por que é tão bom ouvir os Low. Do novo álbum, “murderer”.



E igualmente de Drums & Guns, “in silence”.



Depois do aquecimento, lá tenho que trabalhar um bocado. Só assim consigo ter dinheiro para comprar uns cd’s. Para pagar a Internet. Para ir a uns concertos. Dia 2 de Junho lá estarei.

09/03/07

Surdices do passado: X-Mal Deutschland

UM CONCERTO: PEACHES, NO LUX (26/12/2003)

Os meus ouvidos recordaram-se hoje dos X-Mal Deutschland. Recuo até 1980, ano em que se formaram em Hamburgo, na Alemanha, onde no início não tiveram grande sucesso. Abriram alguns concertos dos Cocteau Twins no Reino Unido, o que lhes valeu um contrato com a 4AD, e em 1983 editaram Fetisch, talvez o melhor dos seus quatro álbuns. “Orient” era um dos temas do lp…



Foi nos idos tempos da Juke Box que os X-Mal Deutschland me perfuraram os ouvidos. Os primeiros acordes de "incubus succubus", "orient" ou “matador” enchiam a pseudo-pista de pseudo-dança (porque nunca se inventou outro termo para aquilo que fazíamos). O video de "matador", disponível no youtube, aborda um assunto que detesto, por isso não o coloco aqui...nem tudo foi bom na carreira destes senhores. Mas gosto da música e prefiro dissociá-la das imagens. A letra é outra história, que não esta.

“Matador” fazia parte do álbum Viva, de 1987. O álbum anterior, Tocsin, datava de 1984. Em 1989, já com uma formação muito diferente da de Fetisch (apenas restavam a vocalista, Anja Huwe, e o baixista, Wolfgang Ellerbrock), editaram Devils, onde estava incluído “dreamhouse”. Só alguns anos depois soube que este tinha sido o último disco da banda…Nunca deixei de gostar do som dos X-Mal Deutschland. Continuo a ouvi-lo em bandas recentes.

É sexta, e nunca mais dá o toque para a saída...

UMA MÚSICA: A DO VIDEO, UMA DAS MINHAS MÚSICAS DE E PARA SEMPRE

Ó Gonçalo, vamos conhecer umas babies?

04/03/07

O mundo animal (parte 1) – soltam-se morcegos, cães, cavalos, tigres, crocodilos, ratos e ratazanas

UM ÁLBUM: FOREVER BREATHES THE LONELY WORD – FELT ( 1986)

Foi em Melbourn, na Austrália, que um dia nasceram os The Birthday Party. Uma festa iniciada em 1977, com um prelúdio chamado The Boys Next Door. Da formação dos The Birthday Party faziam parte uns tais Nicholas Edward Cave e Michael John Harvey e no ano de 1983 receberam o auxílio do Sr. Blixa Bargled. Nessa altura, começaram a ser lançadas as sementes para um novo e conhecido projecto, cujo início coincidiria praticamente com a separação dos The Birthday Party, em 1984. Os álbuns Prayers on fire (1981) e Junkyard (1982) são essenciais. O tema “release the bats” foi originalmente incluído como bónus nalgumas edições de Prayers on Fire. Em 1982, no Hacienda, os morcegos despertaram.



Fui tentar saber o que era feito dos Dogs Die in Hot Cars. Porque grande parte das bandas que ultimamente editam um primeiro álbum com algum reconhecimento, não demoram muito mais do que um, dois anos no máximo, a gravar o segundo álbum. Muitas delas acabam por desiludir, é um tema já muito batido. Mas provavelmente o segundo álbum destes escoceses não vai sequer iludir. Nem a mim nem a ninguém. Não foi fácil obter notícias. Lê-se que as músicas para o segundo álbum estavam quase prontas em meados de 2006. Depois disso, apenas se encontram rumores de separação, ainda sem confirmação oficial. É pena. Please Describe Yourself, de 2004, deverá ficar sem herdeiro.



Separados estão já os Sixteen Horsepower, banda de Denver (E.U.A.) formada por David Eugene Edwards e Pascal Humbert em 1992. Comprei o álbum Folklore em 2002. Fui logo à procura de mais. Com quatro álbuns originais, fecharam as portas em 2005. David Eugene Edwards dedica-se agora ao seu projecto Woven Hand. Também gosto, mas do que sinto mesmo a falta é de um novo álbum dos Sixteen Horsepower. “Sinnerman”, de Folklore, interpretado ao vivo, arrepia-me os ouvidos.



Continuo na senda das separações. Os norte-americanos Le Tigre também se cansaram de 8 anos de actividade. Romperam no ano passado, sem anúncio oficial. Deixam no testamento os álbuns Le Tigre (1999), Feminist Seepstakes (2001) e This Islands (2004), e eu agradeço. Deixam também um video deliciosamente idiota para um grande tema, “deceptacon”.



Os The National não acabaram, felizmente. Boxer é editado a 22 de Maio nos Estados Unidos. Não podem antecipar isso? Alligator, de 2005, foi o terceiro álbum da banda de Nova Iorque. Estou a ouvi-lo agora, ainda não o tinha ouvido hoje…

Vão tocar na Europa depois do lançamento do álbum, provavelmente em vários festivais. Gostava muito que passassem por cá. Há uns tempos, tocaram “lit up” em casa de alguém:



Já ouvi também o novo álbum dos Modest Mouse, We were dead before the ship even sank. È o quinto, desde que se formaram em Washington, no ano de 1993. O som é diferente, mas gostei. Os Modest Mouse têm um reforço de peso, e esse facto parece ser mais importante para muita gente do que o próprio disco em si. É compreensível. Johnny Marr faz parte da história da música. E isso vende camisolas…talvez o próximo álbum já não seja visto como “o segundo disco dos Modest Mouse com Johnny Marr”.



Tenho uma ratazana nos ouvidos há mais de dois anos, e não há cotonete que a remova: regresso aos The Walkmen para ouver “the rat”, candidata a melhor música da minha década.

01/03/07

Magia Negra

O Senhor dá pelo nome de Pop Levi.
O Álbum chama-se "The Return To Form Black Magick Party".
O "Glam" voltou.

Este gajo está possuido...


On fire

UM ÁLBUM: SOUVLAKI – SLOWDIVE (1993)

Reza a lenda que todas as paredes se desmoronaram em Coura no dia 17 de Agosto de 2005. Ao que parece, foi mais ou menos assim:



A vila ainda hoje está a recuperar, e outros cataclismos se adivinham, desta vez mais a sul. A 3 de Julho, as águas do Tejo vão agitar-se e o leito vai transbordar. O palco vai arder. A salvação estará na nova bíblia que estes senhores vão trazer na bagagem. Bem hajam.